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Salamandra salamandra

Publicado por Aléssio F.

no dia 08/11/2023

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Salamandra de fogo

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Descrição

A primeira salamandra a gente nunca esquece. Principalmente um tipo de bicho muito raro ou mesmo inexistente em ambientes tropicais do hemisfério sul. No Brasil, por exemplo, só existem cinco espécies de salamandras, todas elas presentes apenas na Amazônia [1]. A primeira salamandra a gente nunca esquece. Particularmente uma espécie que se chama Salamandra salamandra (isso mesmo, duas vezes), uma das primeiras espécies de salamandra a serem descritas por ninguém menos que o próprio Linnaeus, em 1758. E convenhamos, é um dos anfíbios mais bonitos e extravagantes do mundo.

Chamada popularmente de salamandra comum ou salamandra de fogo, [2] é uma espécie comum e abundante, com uma grande distribuição na Europa, presente em florestas e bosques úmidos. Na França é chamada de salamandra manchada (salamandre tachetée), por causa das manchas amarelas de cor viva que cobrem o seu corpo. Estas manchas são um claro aviso a potenciais predadores para não se aproximarem e, muito menos, provarem de sua pele úmida e macia. Suas glândulas produzem substâncias neurotóxicas potencialmente letais [3]. A coloração conspícua da salamandra de fogo é considerada um exemplo de aposematismo  , que pode ser definido como uma associação de um sinal de aviso com um mecanismo de defesa, como toxicidade, impalatabilidade ou nocividade.

A salamandra de fogo é uma espécie terrestre encontrada em ambientes úmidos e sombreados. Em geral a espécie não ocorre em localidades que apresentem solos pouco profundos e com escassa cobertura vegetal. Indivíduos adultos podem medir até 20 cm de comprimento. Normalmente as fêmeas são maiores e mais robustas do que os machos. O padrão de tamanho e distribuição das manchas amarelas do corpo é muito variável entre as diferentes subespécies conhecidas e só estão presentes em indivíduos adultos. As larvas aquáticas possuem coloração parda até o final do processo de metamorfose.

Salamandra salamandra apresenta comportamentos preponderantemente noturnos, estando bastante ativa nas primeiras e últimas horas na noite. É uma espécie sedentária e territorial, que realiza hibernação e estivação  , dependendo das condições climáticas extremas em sua área de ocorrência. Isto é, em tempos muito frios ou muito quentes, a salamandra escolhe um lugar seguro e sombreado para se abrigar e reduz consideravelmente seu metabolismo até o retorno de condições favoráveis, como umidade elevada do ar (entre 90-100%) e temperaturas entre 10-12ºC. Neste contexto, as salamandras de fogo são mais ativas durante o outono.

A salamandra de fogo é considerada uma espécie modelo para estudos de evolução de estratégias reprodutivas pois populações relativamente isoladas podem ser vivíparas, característica derivada da condição ovovivípara  , mais comum [4]. Durante o período reprodutivo, as fêmeas ovovivíparas produzem, em média, 30 a 40 larvas por parto. Em fêmeas vivíparas, são produzidos entre 1 e 23 filhotes por parto. Na viviparidade, as larvas prolongam seu desenvolvimento no útero materno e o nascimento ocorre após a metamorfose, quando são juvenis completos.

Na França, a salamandra manchada é um animal icônico e é fonte de várias lendas. Durante a Idade Média era considerada à prova de fogo, capaz de andar sobre brasas. Por causa desse poder excepcional, foi adotada como emblema pelo rei François 1º, que reinou entre 1515 e 1547 no país hexagonal. Provavelmente a lenda do animal ignífugo vem do fato de algumas salamandras, hibernando em algum tronco morto, terem sido acordadas brutalmente com o fogo dentro de alguma lareira e tenham saído correndo para salvar a própria pele...

Registro realizado no dia 28 de outubro de 2023, no Bosque de Keroual, zona periurbana de Brest, França.

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Observações

[1Guerra, Vinicius, et al. «Knowledge status and trends in description of amphibian species in Brazil.» Ecological Indicators 118 (2020): 106754.

[2Salamandra salamandra

[3Lüddecke, Tim, et al. «A salamander’s toxic arsenal: review of skin poison diversity and function in true salamanders, genus Salamandra.» The Science of Nature 105 (2018): 1-16.

[4Velo-Antón, G., Zamudio, K. R., & Cordero-Rivera, A. (2012). Genetic drift and rapid evolution of viviparity in insular fire salamanders (Salamandra salamandra). Heredity, 108(4), 410-418.

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