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Verme aveludado, Onicófora, Onychophora

Publicado por Josival Araújo

no dia 02/11/2021

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Verme aveludado Onychophora

Escala do sujeito : não informado

Descrição

Um dos invertebrados mais raros e ameaçados da Floresta Atlântica, super carismático e fascinante. Os onicóforos são animais animais importantes para compreender as relações filogenéticas entre os anelídeos e os artrópodes [1].

Esse filo, grupo irmão dos artrópodes, apresenta 200 espécies descritas [2]. Destas, 22 tem registros no Brasil em Floresta Atlântica, Amazônia e Cerrado. Dentre essas, as espécies de Cerrado são as mais ameaçadas de extinção [3]

Muitos chamam esse grupo de «vermes aveludados», por conta do seu corpo alongado e com textura «aveludada». No entanto, o termo verme não é apropriado para os onicóforos. Na cabeça eles tem um par de antenas aneladas, ocelos que correspondem a olhos e uma boca na região ventral. São animais predadores e se alimentam de outros pequenos invertebrados como cupins, grilos, baratas e larvas de besouros. Quando encontram suas presas, os onicóforos esguicham um liquido pegajoso da papilas próximas a sua boca, esse líquido prende a presa como uma cola. Depois, eles liberam na presa uma saliva digestiva que começa a digeri-la para que por fim ele possa ingerir o conteúdo liquefeito [4] [5]. Para identificar as espécies os pesquisadores utilizam variações no tegumento aveludado e no muco proteico.

Esses animais vivem no folhiço, no interior de tronco em decomposição, sob rochas, em bromélias e outros ambientes. O verme da foto foi encontrado no interior de um tronco em alto grau de decomposição. Um microhabitat perfeito, muito úmido para essa espécie sobreviver em períodos mais secos. Encontrei em uma das áreas mais conservadas do Parque Natural Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho (Serra dos Cavalos), Caruaru, Pernambuco.

Essa área de Caruaru, está sob o Planalto da Borborema (visível quando sobe a Serra das Russas), em uma altitude maior de 800 metros acima do mar. Trata-se de uma ilha de Floresta Atlântica que a milhões de anos atrás era unida a Amazônia e a Floresta do Sul, mas com as mudanças climáticas naturais, essa vegetação ficou retida nesses refúgios e rodeada por uma vegetação de Caatinga [6]. Chamamos essas áreas de Brejos de Altitudes.

O registro de onicóforos nesse remanescente é muito importante para entender a diversidade e distribuição desse grupo. Atualmente, esses invertebrados são considerados animais ameaçados de extinção, pois apresentam populações muito pequenas, ameaçadas pelo desmatamento da Floresta Atlântica, sensíveis as mudanças climáticas e a destruição do seu habitat natural. Esses animais só são encontrados em áreas conservadas dos remanescentes [7].

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Observações

[1Giribet G, Edgecombe GD. 2017. Current understanding of Ecdysozoa and its internal phylogenetic relationships. Integr Comp Biol 57:455–466.

[2Oliveira IdS, Read VM, Mayer G. 2012. A world checklist of Onychophora (velvet worms), with notes on nomenclature and status of names. ZooKeys 211:1–70.

[3Chagas-Júnior A,Oliveira IS 2021. Onychophora in Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil.

[4Manton & Heatley (1987) Philos. Trans. R. Soc. B Biol. Sci. 227: 411-464

[5Nielsen (2013) Invertebr. Biol. 132: 1-13

[6) Tabarelli, M. & Santos, A. M. M. 2004. Uma breve descrição sobre a história natural dos brejos nordestinos. In: Porto, K. C., Cabral, J. J. P. & Tabarelli, M. (Eds.), Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. pp. 17–24. Brasília: Ministério do Meio Ambiente

[7Vasconcellos, A., Almeida, W. O., Eloy, E. C. C., Pôrto, K. C., Cabral, J. J. P., & Tabarelli, M. (2004). Onychophora de florestas úmidas do complexo da Mata Atlântica do nordeste brasileiro e sua importância para conservação e estudos sistemáticos. Brejos de Altitude: história natural, ecologia e conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 139-144.

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